'Psicólogo António Carlos Alves de Araujo-Adultos e terapia de casal- TATUAPÉ-Z.LESTE' tels: 26921958/ 93883296
Visite Minha Página central

A ANSIEDADE(SENSIBILIDADE OU INFELICIDADE?)-ANÁLISE PSICOLÓGICA


Se a sociedade a cada dia nos impõe uma obrigação social de reconhecimento ou status, seja no âmbito profissional ou econômico; paralelamente se desenvolve a mesma obrigação no plano pessoal, sendo que muitas vezes tal fato passa desapercebido por todos nós. O "chefe" de nossa auto estima é uma espécie de "ditadura" das sensações ou sentimentos, nos dando diariamente um balanço ou prognóstico sobre se somos ou seremos felizes. Tanto a experiência de privação, como um leque amplo de oportunidades não preenche na maioria das vezes o vazio existencial. A infelicidade é encarada como uma "ausência", quando na verdade é o desânimo por uma continuidade da qual não possuímos nenhum tipo de poder ou controle. O sinônimo mais exato para tal fenômeno seria a inexperiência para situações de prazer ou superação de algo doloroso. Lembremos da ingenuidade da adolescência que nos trazia o vigor por experimentarmos algo novo ou desconhecido; sendo que na fase adulta tal conduta é sempre abortada; pois cada segundo vivido possui uma leitura mental da volta de um passado que não deu certo ou que foi destrutivo. Parece que há uma barreira intransponível para tentarmos viver o "novo" depois de determinado período de nossas vidas devido a experiências frustrantes.

Quando escuto uma queixa de insatisfação profissional, por mais que a pessoa não tenha tido opções pela questão da sobrevivência, sempre pontuo que a mesma não se permitiu o tempo para buscar e saciar seu sonho. Esse mesmo dilema pode ocorrer em todas as esferas da vida. Uma escolha baseada no medo ou na obrigação de resultados imediatos afasta por completo a pessoa de sua essência de satisfação pessoal. Acho que todos já perceberam que não é apenas a nossa vida que é demasiado curta, mas a opção de algo diferente é muito mais volátil. Os desígnios sociais de segurança e estabilidade quase nunca se aplicam à felicidade pessoal do sujeito. Como seria interessante se desde cedo fôssemos treinados para todas as contradições da existência. Nossa ânsia de liberdade perante situações desagradáveis se choca frontalmente com o desejo de posse ou segurança que procuramos manter a cada segundo. Todos dizem que temos escolhas, mas parece que todas são feitas perante o desespero ou tormento de sermos abandonados ou ficarmos na miséria psíquica e social. A rotina é um dos mais poderosos instrumentos da saúde psicológica, dando a mensagem e disposição sobre nossa importância diária de efetuarmos algo. Porém, temos de conviver com o "assalto" de expectativas de condutas que poderiam nos conduzir ao êxtase pessoal ou algo diferente. O fato é que tememos o tempo todo, e por não possuirmos amizades verdadeiras nos encontramos absolutamente desamparados frente a tal desafio. Obviamente a solidão é o maior índice de uma infelicidade pessoal, porém, a mantemos para que não tenhamos de enfrentar os choques de opiniões que sempre abalam nossa vaidade ou narcisismo.

Uma das mais seguras formas de medirmos a infelicidade é como administramos nosso tempo livre; tal tarefa dirá se somos criativos, alienados ou simplesmente resignados perante todo o contexto em que vivemos. O problema é que estamos presos na medida ácida e corrosiva da saudade como expoente de uma suposta felicidade perdida. A saudade tem como significado psicológico que outrora certamente tínhamos muito mais disposição para encarar determinados acontecimentos. Há décadas que a psicologia social pontua a dicotomia entre o ter e ser, denunciando que a perda do último para fatores econômicos alimenta a desilusão e infelicidade do ser humano. O conceito citado reproduz fielmente o drama contemporâneo. A dimensão de nossa existência deveria passar por fatores como: capacidade de realização pessoal; nutrir determinado sonho que seja compatível com nossas potencialidades; cultivo de uma esperança prática-que nos afaste do tédio ou monotonia diária; tendo a certeza de que tal espera enseja a cristalização de um investimento real e criativo.

Por mais que uma experiência seja traumatizante: doença; separação ou conflito, ainda assim teremos uma chance de um novo aprendizado ou recondicionamento pessoal. A infelicidade não é um acontecimento de extrema negatividade, mas como pontuei acima, uma continuidade que abafa por completo novas possibilidades. Há muito que ouvimos um conceito sábio que o dever de um homem nesta terra é ter um filho; plantar uma árvore e escrever um livro. Embora tais atividades sejam fundamentais, ainda dizem psicologicamente de um desejo de imortalidade e poder após nossa partida. Penso que a grande meta é salvar alguém; sendo que na prática seria aplacando sua infelicidade. Tal ação além de nos enobrecer por um lado real acarretaria uma continuidade positiva de nossa existência através da satisfação de outrem. A equação de nossa importância existencial deveria ser de que em vida nos preocupamos com o coletivo, e após nossa morte, ao invés do desejo do cultivo de nossa personalidade, conseguimos criar uma memória individual, pelo menos de uma única pessoa que foi beneficiada por nossa existência. Isto se choca com o desejo de sucesso pregado pela sociedade.

Em nossos tempos de distanciamento pessoal e social possuímos a certeza de que a sensibilidade nos levará infalivelmente à infelicidade; sendo que como não conseguimos carregar nosso "peso", como poderíamos sentir algo do outro? O ser sensível é visto pela sociedade competitiva como uma oposição ao instinto de sobrevivência pessoal, pois qualquer divisão de algo acarretaria uma futura subtração para a pessoa. A história da humanidade revela este temor. Em quase vinte anos de experiência clínica sempre observei tal dificuldade de compartilhar histórias ou vivências. É impressionante como determinadas pessoas com um histórico profissional ou afetivo vasto, não conseguem de forma alguma transferir estes conhecimentos para quem quer que seja; filhos ou outros indivíduos. Este processo é denominado de egoísmo, embora na concepção da psicologia tal conduta visa uma proteção neurótica de uma personalidade que almeja poupar seu "self" (característica básica da personalidade do sujeito ou sua integridade na vida cotidiana).

A sensibilidade é constantemente mutante no tocante a infelicidade. Quando uma pessoa foi totalmente insensível e perdeu seu companheiro, por exemplo, é similar a alguém que permite ser depositário das expectativas irracionais de determinada pessoa. A sensibilidade chama o ser humano para o desafio do equilíbrio; alerta para a armadilha de um sofrimento desnecessário, como também nos mostra condutas opacas que desenergizam nossa alma. A falta ou abundância é o desafio de nossa espécie, sendo que nunca fomos treinados para lidar com sentimentos. Temos uma enorme dificuldade de perceber quando ser sensível é destrutivo ou traz o regozijo no plano pessoal. Estamos mais do que cansados do sentir negativamente, sendo que paralelamente descartamos na maioria das vezes as coisas importantes. Um dos pontos que corroem a maioria dos relacionamentos é o hábito ou rigidez constante de algo que é oferecido. Anteriormente falei da rotina como elemento que equilibra a saúde psicológica. A mesma por outro lado contamina todas as esferas diárias da vida. Sempre deduzimos o comportamento diário de nosso companheiro, e isto se torna enfadonho. Ao mesmo tempo, temos um pânico absoluto perante as mudanças, sendo que o resultado é o vício do deslocamento do ódio ou nossa insatisfação para a pessoa mais próxima.A tendência é estragar aquilo que considerávamos tão especial, e infelizmente o casamento ou as religiões não lidam com esta essência do convívio a dois.

Um dos grandes problemas psicológicos da atualidade é o medo de encarar nossos reais desejos ou sonhos; pois a expectativa de uma frustração ou vergonha pelo não realizado é sempre infinitamente maior. Embora a durabilidade humana seja uma utopia, não conseguimos nem uns meros anos de satisfação real. No contexto mais profundo a infelicidade é a luta incansável e perdida contra a morte em todos os sentidos da vida. A sensibilidade seria o alerta ou capacidade inata do ser humano que visaria se dedicar ao máximo perante uma experiência de êxtase sempre perecível. Seria "enganar" no bom sentido a certeza inevitável. O conflito segue o mesmo percurso, sendo um hiato entre a probabilidade do agora e a incerteza da escolha em confronto com o tempo. Mas qual o padrão que cada um usa para aferir a infelicidade?
a) O tempo decorrente do sofrimento?
b) Saudades; mágoa ou ressentimento?
c) Não surgimento histórico de oportunidades de acordo com as expectativas e sonhos da pessoa (reais ou irreais)?
d) Rejeição da própria personalidade ou corpo?

A dificuldade de se lidar com a dicotomia que a sensibilidade gera se transformou numa das maiores fontes de martírio de nossa época. Todos acabam apelando para uma narcotização dos sentidos, evitando futuros sofrimentos; como se fossem "crianças que não almejam novamente ser castigadas". Todo o sofrimento vivenciado por alguém lhe dá o direito de desenvolver uma cultura de afastamento e medo do envolvimento profundo? Parece que algumas pessoas acumulam toda uma gama de dissabores para ter uma certeza íntima de que uma troca nunca valerá a pena. Este processo em diversos outros textos denominei como timidez-uma tentativa constante de fuga da situação de teste ou prova; a evasão de qualquer possibilidade de divisão das potencialidades afetivas ou pessoais. O fundamental é perceber para qual caminho nossa sensibilidade nos está conduzindo (união; afastamento; raiva; conflito ou admiração e desejo como exemplos). Em quais pontos somos exemplares e o impacto que causam em nossas vidas? E nossos pontos falhos, como o encaramos? Depositando certamente a culpa no outro. O engraçado é como uma pessoa disciplinada acaba invejando alguém que sempre comete falta grave e mesmo assim mostra uma naturalidade para seguir adiante. Até os conceitos morais e éticos não são e nunca foram garantia de felicidade.

A culpa se insere em tal contexto. Sua ausência absoluta gera uma personalidade doentia e perigosa; mas sua presença constante conduz a um atraso daquilo que temos de mais admirável e receamos partilhar. A raiz suprema da bondade não é um dogma religioso, mas a certeza prática de que um poder, qualquer que seja (beleza, dinheiro ou inteligência), só gerará conforto quando o manifestamos no crescimento próprio e de outra pessoa concomitantemente. Assim como a vida é uma forma de "aluguel", o talento segue o mesmo padrão de finitude; portanto devemos sempre renunciar ao desejo de superioridade por possuirmos algo diferente. E como tal meta é quase que improvável em nossa era! Não podemos continuar vivendo usando posses materiais ou intelectuais para aplacarmos nossas angústias, pois esta certamente é a fonte da infelicidade.

O que realmente é se gostar? Talvez seja a diminuição radical da inveja; não sentir o "menos" perante o sucesso ou destaque de alguém. Buscar algo inato em nosso ser seria uma das formas de nos conhecermos se todos levassem a sério o autoconhecimento. A morbidez da vida se cristaliza quando se depende do reforço de um passado que não chega nunca, negando as evidências criativas ou pessoas que realmente importam. A capacidade de lidar com perdas é uma das mais sólidas metas de desenvolvimento da ética e saúde psíquica. A ansiedade generalizada é o resultado de todos os processos citados; sendo a falha constante do percebimento do dinamismo da vida. A inquietude sem dúvida é o combustível para um ato criativo; mas a agitação interna desordenada é fruto totalmente do medo de efetuar um potencial. A ansiedade é a espera pelo retorno de algo que certa vez foi arrebatador. O problema nestes casos é que não possuímos mais nenhum poder pessoal sobre o caminho da satisfação passada. A ansiedade passa a ser uma espécie de "briga" interna para que voltemos a ter determinada sorte que há muito não dá as caras. Mas será realmente que nosso olhar interno é tão aferido para termos a certeza de que antes tudo era melhor? A ansiedade no nível inconsciente está permeada por desejos de ódio ou destrutividade de toda espécie.

O saudosismo apenas remete à determinada época que não tínhamos percebido a dimensão de nossa raiva quando fomos prejudicados. A essência da ilusão é achar que se pode perder com a ausência do sentimento de revanche. Não temos o mínimo treino para os aspectos do ódio Caso tivéssemos a faculdade do retorno no tempo, nossas ações estariam paralisadas pelo medo, sendo que jamais arriscaríamos algo, pois teríamos o receio do sofrimento. A solução saudável é expelir todo o tipo de fantasia irreal, e perceber que a maturidade só possui um caminho: transformar em potência determinada vivência dolorosa. O máximo da honestidade que todos deveriam cultivar é perceber como trabalhamos todos os medos cotidianos; como exemplos:
a) Velhice: A encaramos de forma real e natural ou voltamos a um estágio infantil e adolescente; nos iludindo sobre uma eternidade de nossa sedução?
b) Perdas econômicas: Como nossa saúde psicológica reage perante a abundância ou falta? Ou será que o princípio cristão- "na saúde ou doença" só vale por um segundo em cima do altar? E nossas responsabilidades para com a divisão daquilo que conquistamos? Ou preferimos nos enterrar e apodrecer na crença de que não devemos nada? Não é uma das mais puras provas da maldade o êxito não compartilhado?
c) Isolamento: Como lidamos com a solidão? Fazendo malabarismos comportamentais e usando pessoas até a chegada ilusória ou não de alguém que nos preencha?



ESTE TRABALHO FOI TOTALMENTE PRODUZIDO PELA EXPERIÊNCIA CLÍNICA DO AUTOR.

AGRADECIMENTOS: IRINEU FRANCISCO BARRETO JÚNIOR E SIMONE JORGE(SOCIÓLOGOS)


POR RAZÕES ÉTICAS, QUALQUER ORIENTAÇÃO SÓ É POSSÍVEL PESSOALMENTE E ATRAVÉS DE CONSULTA PSICOLÓGICA.



Antonio Carlos Alves de Araujo - Psicólogo - C.R.P: 31341/5
EMAIL:mailto:antoniopsico1@hotmail.com

END. RUA ENG. ANDRADE JÚNIOR, 154, TATUAPÉ-SP-SP
CONTATOS: XX 11 - 26921958/ 93883296

(*) Qualquer reprodução apenas mediante autorização do autor

(*) Dúvidas e Orientação apenas pessoalmente




Statistics